Antigamente (parece que falo de cinquenta anos atrás), mas me refiro há 10, 15 anos, quando as pessoas ainda em sua maioria viviam em casas e não empilhadas em apartamentos e eram menos estressadas, o mundo ouvia mais música. Falo isso porque ouvia-se o vizinho da casa ao lado lavar seu carro dentro da garagem com seu som ligado, e você as vezes cantava junto, lembrando de coisas boas. Hoje, não você nem precisa ligar o som para o vizinho do apto ao lado ligar reclamando: basta um objeto cair ao chão e ele já te olha como inimigo mortal. Coisas da modernidade. Lembro-me da rua em que eu morava, com casas pequenas, parecendo cidade do interior, onde tinha um vizinho que todas as manhãs de domingo, cantava músicas de Nélson Gonçalves a pleno pulmões, enquanto limpava seu quintal para o tradicional churrasco do almoço. Eu e a maioria dos meus amigos não gostávamos daquele tipo de música, mas sentíamos na beleza de sua voz lindas melodias e ouvir o "Seu Kebinho" cantar tão feliz, nos ligava a ele de alguma forma. Música é linguagem universal. Sou da geração Coca-Cola, do grande "boom" das bandas de Brasília, da época da Cogumelo, da efeverscência do Metal em BH. Sempre gostei de rock inglês, australiano, punk rock, bossa Nova e clássicos. Paulinho da Viola, Tom Jobim, Vinicius de Morais, The Cure, Led Zepellin, Ramones, Duran Duran, Metallica, Zeca Baleiro, Skank, concertos para cellos de Johann Sebatian Bach e Villa Lobos. Gosto eclético demais? Prefiro dizer que tenho uma trilha sonora para cada momento de minha vida. Simplesmente todos. Sempre acho que certas músicas foram feitas pra mim. Mílton Nascimento descreveu em verso numa canção exatamente esse sentimento. Isso significa que mais gente também sente-se assim. Certa vez, fui mostrar ao meu amigo Lôro uma música chamada "She sells Santuary" da banda THE CULT. (Essa situação é pior do que achar que a música é minha: já me imaginei mil vezes num palco a cantando para uma multidão de 70 mil pessoas). Continuando, disse a ele: "Lôro, essa música tem que ser ouvida com o volume máximo". Ele riu e me respondeu:
"Claudinha, TODAS as músicas são para ser ouvidas assim!" Preciso dizer mais algumas coisa?
“Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim... Que perguntar, carece: Como não fui eu quem fiz?...”
ResponderExcluirCertos textos (quanto mais seus) que leio, também me trazem essa sensação...
Milton Nascimento, Tom/Vinícius, Bach, Villa Lobos, Led Zepellin, Skank, Zeca...putz...pegou pesado mesmo, heim...
Não precisa dizer mais nada...”TODAS as músicas são para ser ouvidas assim!”...
Maravilhosa a sensação da pausa em minha correria diária que acabo de dar para ler seu post, Amiga!
Beijos